nessum dorma*

Existe um velho clichê que diz que o que falta ao Brasil é educação.

Falso.

O que falta é uma cultura melhor.

Quando se fala em cultura, vem a mente a tudo aquilo que envolve penas, índios, costumes antigos, negros dançando e cantando ou expressões chulas da fala e do cotidiano, dentre outras coisas. Em pouquíssimos casos a postura perante os problemas ou o "jeitinho brasileiro" são lembrados. Eles entram mais na categoria de defeitos.

Errado. Lei de Gerson, passividade absoluta, postura perante os problemas e uma série de outros "defeitos" dos brasileiros, fazem parte da cultura que vigora no país. Logo, apelar pra uma educação que se baseie apenas em escolas, ensino clássico europeu e leis do convívio social, ainda é pouco.

Pouco pq é muito direcionado;

Pouco pq é receita de bolo;

Pouco pq não vem de berço e criação;

E por fim, pouco pq vem de fontes externas. O bicho homem assimila muito melhor os conceitos que vem de fontes internas, como da família, por exemplo...

Outra coisa que acaba com qualquer capacidade de melhoria é o sentimento de potência adormecida que se baseia APENAS no capital material e não no capital humano.

Como disse Jefferson Peres:

(...que alias é um político do Amazonas sabe? Ah! mas não ligue. Segundo a regra geral majoritária e sempre correta: "político é tudo ladrão")

Pois bem, segundo o supracitado senador: "...nós poderíamos não ter 1 barril de petróleo, nem 1 metro cúbico de gás, mas ainda assim poderíamos ser uma das potências mundiais em termos de Desenvolvimento. O Japão não tem nada, não tem petróleo, nem gás ou riquezas minerais e nos dá um banho em termos de desenvolvimento. Não apenas econômico, mas humano tmb...."

De fato. A coisa fica bem mais tranqüila e bonita se olharmos pela ótica do "ainda temos chance", "temos a terra, temos tudo". Seria lindo, e não sou hipócrita de ir contra as riquezas do país, porém seria lindo se por uma vez apenas o povo pudesse se orgulhar de algum ganho no capital humano que não envolva esportes ou mídia.

Mas, utopia é uma palavra tão em desuso hj em dia...

...além do mais, agir de maneira mais prática parece ser o único remédio. Isso tmb pode ser chamado de cinismo, enfim...

...se o que mais nos machuca é, ironicamente, o que nós somos em essência, então a solução é simples: matar.

Matar aquilo que de um jeito ou de outro já está nos matando aos poucos. Isso implica, em alguns casos, matar um pouco de nós mesmos.

O preço é altíssimo: perder o que chamamos de identidade. Como um câncer que se apossa de órgãos bons, os maus costumes e o nossos “defeitos” já vieram embutidos na nossa cultura. Daí que ao extirpá-los, tmb se perde grande parte do que nos agradava ou era chamariz do nosso povo aos olhos do mundo.

Mas eu não acredito que algum dia isso vá fazer sentido para a maioria. E assim continua a estória:


Na qual somos:

"Você também, ó Princesa
Em seu quarto frio, olhe as estrelas
Tremendo de amor e de esperança"


A princesa da torre.

Cuja solução é...

"Que ninguém durma!
Que ninguém durma!"

...aquela que insiste em berrar cada vez mais baixo.

"Parta, oh noite
Esvaneçam, estrelas
Esvaneçam, estrelas
Ao amanhecer eu vencerei!
Vencerei! Vencerei!" *

Resta a esperança. Como sempre.


* em memória ao melhor intérprete que está ária já teve.

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