Andarilhos V

Andarilhos 4

Era um salão... Não, um salão não. Um anfiteatro. Isso! Um enorme anfiteatro...

Gigantesco.

Estava lotado (pense em milhares), porém os rostos não tinham definição. Pareciam telas de TV em chuvisco.

Nisso, uma figura surge no palco. Era uma garota relativamente alta, de olhos curiosos, um bonito cabelo longo e aparelho nos dentes. Falante à beça. Mas parecia um pouco melancólica. Tanto que, após um interessante monólogo (parecia mais um clamor), questiona:

"Quem teria coragem para mudar sua própria vida?"

De repente, no meio de todas aquelas pessoas anônimas e incógnitas (entretanto, presentes), salta uma voz:

"Er... EU TENHO CORAGEM!"

Como a maioria dos presentes parecia estar linkado em outros lugares, apenas a garota falante ouviu essa voz. Até pq ela surgiu de lugar nenhum...

Que por sinal, vinha de uma outra garota relativamente baixa e de cabelos curtos. Possuía um sorriso luminoso como uma janela num dia azul e tinha os olhos vivos e cheios de energia. Ambas trocaram uma idéia.

Enquanto uma falava em Foucault outra citava Pierre Lèvi. E a conversa fluiu...

No meio daquela diálogo entre bits, bytes e milhares de pessoas anônimas e incógnitas (mas presentes), adentra uma terceira presença no salão. Não! Salão não! Anfiteatro!

Era um cara meio alto. Cabelos pretos esquecidos de cortar de propósito, olhos pequeninos e nariz de metido, embora ele não se considerasse assim...

Viu as duas conversando e de repente eram três. É... o anfiteatro (acertei!) proporciona isso.

Idéias diferentes, hábitos, sotaques e constatações a respeito de tudo isso eram a tônica das conversas. E como todos sabem, os sentimentos insistem em se meter e dar uma de intrometidos em encontros assim.

Mas todos admitem que não existiria tanta graça se eles não se intrometessem...

E os encontros foram aumentando. Se multiplicando. E pularam pra fora do anfiteatro.

Surgiram amizades com outras pessoas, identificação, continuidade e até mesmo amor.

E a tal revolução que alguns tinham pensado já era realidade. Mas foi uma revolução diferente, não envolveu as massas de um todo, e sim os diversos mundos que existiam dentro de cada um.

Mundos que vagam em sua mente ou coração.

Que te puxam pra algo novo ou amedrontadamente interessante.

Que se juntam pra dar ação aos pensamentos e por fim: que anseiam em conhecer novos mundos andarilhos dentro de qualquer outro universo desconhecido.

Esse pode ser um grande perigo, mas tmb um grande prêmio.

Pois a paixão pelo meio que pode proporcionar isso é forte em muitos. E isso só tende a crescer. Como um log infinito de um computador com o verbo "to be" em funcionamento.

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