015

terça, véspera de feriado

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19:00 hrs

Como não ia ter que acordar cedo no outro dia e como a balada só ia começar depois das onze, não vi mal algum em ficar vadiando trabalhando no computador até mais tarde.

Sendo que meu horário de saída é as 17 hrs.

Chego apressado pra pegar o ônibus das 19:15 hrs. A minha condução diária é uma "beleza", pois nunca tem hora certa pra passar e vem sempre lotada. O fato de eu pensar em pegar um as 19:15 hrs é baseado na ultima vez em que saí tarde. Como ele tinha passado nesse horário, então pensei que houvesse uma certa pontualidade.

20:30 hrs

Ora, quem diria...

E eu ainda fico surpreso com isso. *anta*

20:31 hrs

"Não tem troco"

"Como assim não tem troco?"

"Vc é surdo? Não tem troco!"

"Mas eu paguei R$ 2,00! Vcs vão engolir R$ 0,20?"

"É obrigação de vcs trazer o dinheiro contado!"

"Não. É obrigação de vcs dar o troco até o limite de R$ 5,00! Vcs já deviam estar preparados pra situações assim..."

"Não tem troco e vai passando logo senão quiser descer do ônibus!"

A gentileza com que os cobradores te tratam é comovente.

Resolvi não discutir mais com o bom trabalhador, afinal de contas ele já deve estar no pico do stress por não ter troco de R$ 0,20 pra dar a todos que entram no buso com R$ 2,00.

20:45 hrs

Vruuummmm!

Shock,shock,shock!

Squissshhhh!*


*Epa!*

"Ô cidadão? Dá pra desenconstar da minha traseira? Obrigado."

Passa um tempo... e o cara vai lá e encosta de novo no rapaz...

Vruuummmm!

Shock,shock,shock!


"Qualé? Dá licença! Sai pra lá!"

O peão (a cara do cão tarado chupando rola) desencostou levemente do rapaz e olhou para os lados. Ele não percebe que só eu estou observando e atento ao dialógo de ambos.

E discretamente volta a encoxar esbarrar no rapaz...

Vruuummmm!

"Aí mermão! Quando vc gozar me avisa, tá?"

Squissshhhh!

21:15 hrs

Eu creio que esse motorista tinha instintos sádicos.

Sério. O buso já estava mais do que lotado e o desgraçado continuava parando nos pontos. E o pior é que ainda tinha a cara de pau de dizer: "Vamos dando um passinho pessoal, que a frente do carro está vazia"

Maldito sádico dos setecentos mil caralhos! (by Osi)

21:30 hrs (é... eu moro longe)

Bem, já estava quase na hora de descer. E nada do meu troco.

Eu tinha atravessado a catraca, mas como tava tão lotado resolvi ficar lá por trás mesmo. Péssima resolução, visto que não havia espaço nem pra uma mosca passar pra frente (bem, tirando as moscas do suvaco da galera, né?)

Mas eu precisava descer no meu ponto. Se o perdesse, só ia conseguir sair do Mercedão (apelido carinhoso) no próximo bairro.

E como a situação era de calamidade mesmo, não tive outra escolha senão a de utilizar a técnica ancestral do escape multidão

O escape multidão é geralmente utilizado em locais onde existe muita gente entre vc e um ponto onde vc quer chegar. É um ultimo recurso quando o "dá licença, posso passar, por favor?" não funciona mais. É muito utilizado em estádios de futebol e shows.

Como eu não estava em um estádio (embora a galera balançasse a cada drible que o busão dava) e nem num show do Sepultura, tive que aplicar o escape multidão com algumas variações.

Nada muito diferente do velho empurra-joga o corpo no vão-e vai passando, porém, como não havia espaço, tive que ir esgueirando os pés por entre as canelas e panturrilhas do povo.

Algo assim como andar na ponta do pés por meio de um aglomerado humano. A Física explica...

A única coisa que a Física não explica é a cara que uns e outros fazem quando vc passa se esfegando por detrás. Bem, aí já é Freud que explica...

Após me esfregar nos mais diferentes corpos (sem trocadilhos por favor), dos mais diferentes formatos e cheiros, consegui chegar frente do carro.

Não. Não estava vazio. Mas eu não podia mandar aquele careca sádico pra casa do caralho. Ainda não...

21:35 hrs

*aperto o botão de parada*

nada

*puxo a cordinha*

nada

*puxo com mais força*

nada

*será que nada nessa merda funciona?*

"Ô motora! Meu ponto! tá chegando! Chegou! *olhando* e passou..."

Filho da puta!

Felizmente tem um sinal na entrada do meu Conjunto. E estava vermelho. Após chamar delicadamente a atenção do motorista por meio de sutis manifestações verbais, eu consigo descer do ônibus.

No longo caminho de volta pra casa (a minha rua é a última do Conj.), dois pensamentos:

1. Rota 015 - fique longe dela.

2. Ah um carro! Nem que seja de mão...

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* vã tentativa de reproduzir o barrulho do Mercedão.

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