parabenhas

...e vc está lá, belo-belo, num domingo do mais saudável tédio quando chega a notícia:

"Filho, hj tem aniversário pra ir"

Bem, como todos em casa sabem eu quase nunca vou a aniversários. E por diversos motivos:

Tenho preguiça de falar parabéns pra um pessoa que já ouviu isso umas 50 vezes no dia, quase nunca levo presente (ok, nunca), desconfio da comida (vai que ela foi feita por uma tia que não lava a mão depois de ir ao banheiro?), as festinhas geralmente são cheias de clichês chatos na hora do parabéns e por aí vai...

...mas se quiserem me convidar pra ir comemorar o aniversário de alguém em uma pizzaria ou no cinema, eu topo.

Enfim, dado esses motivos e outros mais eu resolvi que não ia.

Mas, sacomé... o aniversário era de uma tia muito querida na família e minha mãe insistiu para que eu fosse.

Na verdade ela já estava ficando puta por causa do meu total desprendimento para com a família. Cara, nem nos Natais eu ia mais!

Então tá, né? Vamos lá. É só uma vez ao ano mesmo.

Aniversários de gente adulta tem algumas características bem peculiares. Como o meu caso era o de uma tia muito querida, haviam muitas tiazonas falando sobre os mais diversificados assuntos: novela, marido, filhos, novela.

E logicamente: na roda dos homens (tios e CIA) só se falava em futebol.

Ou vc fica sentado numa cadeira de balanço comendo um prato de frango seco com farinha e arroz, ou se entope escutando o som.

Que a propósito era um misto de Calipso com as melhores da Jovem Guarda. Ecletismo é tudo!

Tem sempre alguém mais velho que quando te vê exclama:

"Esses adolescentes de hj em dia estão cada vez maiores, não?"

"Tia, eu tô com 24..."


A comida é farta. Tanto que geralmente sobra muito no final. É a velha lógica do "é melhor sobrar do que faltar", logo, tigelas de arroz que dariam pra alimentar uma vaca e quilos de vatapá são sumariamente distribuídos em pratinhos de plástico.

Quem é retardatário costuma a levar esses "quitutes" aos montes pra casa.

Isso sem falar no bolo.

Sim, aquele bolo ENORME e cheio de côco ralado em cima. Que tinha gosto de sabão e que estava tão abarrotado de velinhas que os convidados mantiveram distância por causa do calor.

Aquela simpática massa de padaria que todos disseram "hummm" ao comê-la quando na verdade queriam ter dito "que merda!".

Pois bem, essa iguaria (cof,cof) tmb costuma sobrar. E sobrou!

E como a maioria dos que estavam presentes já tinham preenchido a sua cota de "quitutes para comer em casa" com o vatapá e o arroz, resolveram entregar a metade do monstro pra nós.

Deve ser um alívio pro aniversariante se livrar de tal empecilho, pois esse tipo de massa costuma a azedar muito rápido. Aí nem o cachorro quer mais.

Tenho até medo de chegar hj em casa e ao abrir a geladeira, pular lá de dentro um pedaço de bolo mutante...

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