miúsic for love!

Existem coisas que me deixam refletindo nos momentos mais impróprios. Por exemplo, música...

Eu gosto de música. Como algumas pessoas fazem, curto um certo tipo e abomino outro. Considero a música como uma extensão para os sentidos, lógico que tem aquelas que são minhas preferidas e que posso ouvir em qualquer momento ou situação, porém, existem outras que são bem vindas apenas nos momentos certos

E a recíproca é verdadeira, existem outras que não deviam tocar nem por decreto em certos momentos.

Como na vez em que fui a um motel do centro.

Sabe né? Pouca grana, falta de local, seca... Esses fatores levam um indivíduo a apelar pra soluções pouco ortodoxas. E olha que existem motéis bons no centro da cidade, com preço acessível e tudo. Porém, na ânsia de satisfazer-se o mais rápido possível, vc entra no primeiro pardieiro que encontra disponível.

O meu caso não foi tão hardcore assim. Tá certo que a companhia não era lá essas coisas. Não falo de beleza em si, mas de outros atributos que considero fundamentais na cama. Coisas como criatividade, espontaneidade e malícia...

Entretanto lá estava eu. Faminto (sic), duro (no sentido de grana) e com alguém disposto a se divertir do meu lado. Fazer o que né?

Chegando no local...

- “Espera só um pouquinho que eu vou tomar um banho, ok?”
- “Ok.” (pelo menos ela tem hábitos prudentes)

Vislumbro a habitação.

Nada demais. Cama redonda, frigobar, banheiro com chuveiro elétrico, ar condicionado, TV e som com os controles na cama. Quarto típico de motel, um pouco surrado, mas dá pro gasto.

Aí pra passar o tempo ligo a TV. Hunpf! Acho que se ficar vendo Linha Direta ou SBT vou acabar brochando, tmb não é o caso de colocar no canal pornô (que cá entre nós, não tem o menor sentido em ser assistido num motel)

Desligo a TV e ligo o som. Era um radinho simpático, uma caixa de som parecida com aquelas de PC e ficava embutida na cabeceira da cama. Girando o dial, percebi que ele não funcionava.

“Deve estar quebrado”, pensei.

O canal de som que estava sintonizado era sofrível. Melhor desligar isso!

“Não desliga! Droga...”

Tento abaixar o volume. Em vão.

“Mas que merda! Que aparelhagem fuleira!”

Ela sai do banho.

- “Abaixa esse som!”
- “Não dá, essa porra tá quebrada!”
- “Então deixa aí. Vem...”

Nessa de dizer “vem” ela deixa a toalha cair. E... putz! Dios Mio!

Um pensamento: “Eu odeio a indústria da moda por fazer roupas que enganam tão bem trouxas como eu!!!”

- “Que foi amor?”
- “Er... nada. Peraí, vou tomar um banho tmb”
- “Não demora viu?”

No chuveiro, embaixo da água fria, olho pro meu parceiro. Nada. A comunicação entre nós dois está cortada! Estava prestes a apelar pra uma surra de pau mole. Triste isso...

Trilha sonora do momento 1:


Ninguém te pertenceu
Ninguém te ama como eu
Não deixe o sonho terminar
Meu coração é teu lugar
Meu corpo é todo seu
o teu calor me aqueceu
não deixe a chama se apagar
Meu coração é teu lugar


ARGH!!!

Saio do chuveiro ainda mais abatido e cabisbaixo (sic). Ele me olha

- “Já amor?”
- “Quase...Espera um pouco”

Eu rezava pra aquele maldito canal de som sair do ar. Ou então pra tocar alguma coisa mais inspirada. Se continuasse daquele jeito nem com levitação, mantra ou Viagra ia ter jeito!

- “Já sei. Vou fazer uma coisa pra te animar”
- “ÃNN?”

Não! Não, por favor Odin! Não, não me diga que ela vai...

...DANÇAR!

Trilha sonora do momento 2:


Nesse corpo meigo e tão pequeno
Há uma espécie de veneno
Bem gostoso de provar
Como pode haver tanto desejo
Nos seus olhos, nos seus beijos
No seu jeito de abraçar


Ela dançou. E o resto da meu parco tesão tmb...

Sério. Ver aquela mulher nua dançando de um jeito grotesco, estando deitado e ela em pé em cima da cama, me fez rever os meus conceitos sobre fé, submissão e esperança...

- “Nada ainda?”
- “Acho melhor dar um tempo. Que tal...”
- “Vc não tá afim?”
- “Sabe o que é, eu acho que...”
- “Vc é gay?”
- “Como???”
- “É! Vc é gay por acaso?”

Trilha sonora do momento 3:


Quando eu digo que deixei de te amar
É porque eu te amo
Quando eu digo que não quero mais você
É porque eu te quero


- “Eu não sou gay, porra!”
- “Ah é? Então é broxa!”
- “Pois eu não conheço ser que não broxe ouvindo tanta merda que sai desse som!”
- “Isso é desculpa de incapacitado!”

Cara, na hora deu vontade de jogar um monte de coisa na cara dela. Mas fiquei calado...

- “É... talvez seja isso mesmo.”
- “O que?”
- “Talvez eu seja um incapacitado pra ter um mulherão como vc”
- “É isso aí!”

Ela nem percebeu a ironia. Ainda bem...

Trilha sonora final:

De tanto viver pela vida sem freio...
Me esqueci que a vida, se vive um momentoooo
De tanto cantar minhas canções aos ventooo
Me esqueci de contar
Com os detalhes pequenooos...
Me esqueci de viver, êr,êr!
Me esqueci de viveer, êêêêêr!


- “É... esqueci de um detalhe pequeno...”
- “O que?”
- “Nada não. Vambora!”

Foi realmente uma pena não ficar e desfrutar do resto das músicas maravilhosas!

Olha, eu não tenho nada contra esse tipo de motéis. A broxada culpa foi minha mesmo, e talvez acontecesse da mesma maneira se eu tivesse ido num desses estabelecimentos chiques e caros nos quais o canal de música toca coisas como “Jet´aime” ou neo-tecno-progressivos à mil...

Conselho: Quando vc for num desse lugares leve seus próprios CDs (se tiver aparelho no quarto) ou então EM HIPOTESE ALGUMA LIGUE O CANAL DE SOM.

A não ser que vc seja surdo (a)...

Set list da noite fatídica:

1 - Raça Negra“Me Leva Junto Com Você” (nessa meu tesão começou a ir embora)

2 - Reginaldo Rossi“Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme” (a dancinha grotesca)

4 - Chitãozinho e Xororó“Evidências” (evidenciou o óbvio!)

5 - Julio Iglesias“Me esqueci de viver” (e eu me esqueci de f... ah deixa pra lá!)

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