a antiga caixa aberta

Me encontrava sozinho junto a televisão gigante da sala. Ela cheirava a mijo (maldito cachorro!), mas resolvi liga-la assim mesmo. Cara, eu tenho TV a cabo, mas não gosto das sitcoms, séries tipo “Friends” (com exceção da própria) e outras baboseiras que tem na programação, ainda mais com o pacote miserê que eu pago...

E com o meu saudosismo em alta, resolvi fazer um Top 10 (uau! que original...) dos desenhos, programinhas e outras cositas bizarras que passavam na programação da TV aberta nos meus anos dourados, ou seja, quando ainda não conhecia o video game, a punheta e os livros...


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10 – Clube do Bolinha (Bandeirantes, que na época ainda não era BAND)




O fim dos anos 80 foram a época de ouro para os programas de auditório. Gostava daquele jeito de coroa safado que o Edson Cury tinha. Fora que, além das chacretes (que tinham um apelo muito putanesco) o único programa em que os pirralhos tarados podiam ver algumas coxas, peitos ou atitudes dignas de Jesse Valadão, era esse. Cenários toscos, apresentações mais toscas ainda, mas pô! Queria o que? Eram os anos 80...

9 – Perdidos na Noite (Bandeirantes)



É bom lembrar que nem sempre o Fausto Silva foi um chato de galochas, com piadas sem graça e jeito de marionete global. Naquele tempo o seu cinismo era bem mais compreendido, além de ser muito mais engraçado. Ah! As atrações musicais tmb eram legais. O fato de naquele tempo ainda não existirem na mídia as duplas sertanejas, os pagodeiros e o Axé, já fazia valer a pena. O programa foi um dos palcos do Brock, que estava em plena efervescência.

8 – Comando da madrugada (iniciou na Manchete e atualmente está no SBT)



Conhecido pelo bordão "Vem Comigo", Goulart de Andrade faz do telespectador cúmplice de um mergulho no comportamento humano. Com reportagens de ação e muitas vezes reveladoras, ele se especializou em mostrar os bastidores da sociedade: os dramas humanos, as profissões de risco, as personalidades exóticas, a sexualidade, a vida na noite e os conflitos nas grandes cidades. "Eu não tenho preconceitos, transito por todas as tribos e falo todas as línguas", afirma.

Existe até hj, mas tá uma merda! Não tem mais aquele cheiro de rua, de sujo, muito menos o jeito de produção barata de antigamente. O que mata programas desse tipo é o excesso de maquiagem.

7 – Documento Especial (Rede Manchete. Porra! Foi só o vovô Adolpho Bloch morrer que a emissora foi junto)




Ricardo Lobo trabalhou por quatro anos enquanto repórter/produtor para a principal série semanal investigativa que chegou a transmitir para 30 milhões de pessoas. Hoje pode parecer pouco, mas na época era uma absurdo.

A série ganhou muitas concessões internacionais, incluindo o “Prince Rainer Award” concedido no festival de TV de Montecarlo. Os assuntos variavam entre temas como o desperdício tóxico, o trabalho escravo e a juventude e as drogas.

O programa era cool, mesmo mostrando uma prostituta acabada com a heroína, ainda assim era extremamente cool e minimalista. Quase bossa nova. A musiquinha de abertura tmb era duca! O programa mais legal pra mim foi o que investigou as seitas satanistas. Explicava cada um dos mandamentos e entrevistava os praticantes. Tudo isso entrecortado com passagens da Bíblia.

6 – Spectroman (Rede Manchete)




"PAM, PAM, PAMPAM! PARANANAM!"


E aí aparece um sujeito feio pra cacete, parece estátua de bronze de índio peruano. Faz umas acrobacias toscas e começa a rodar. Sim! A rodar...

Roda, roda, roda, mas espere aí, ele está crescendo! Ah! Então é pra isso que ele roda tanto. Deve ativar algum mecanismo que use a força cinética. Depois de atingir o tamanho do Godzilla, do nada aparece um monstro cavalar. Com duas cabeças de rato, asas de urubu, patas de leão, corpo de orangotango e um zíper nas costas...

Tudo isso com uma trliha sonora em japonês:

“Supekutoruman, Supekutoruman
Go go go go go go
Chikyu-no boei suru tameni
Nebuura-no hoshi-kara yattekita
Supekutoruman, Supekutoruman
Go go go go go go
Chonouryoku-no saibògu
Supekutoruman, Supekutoruman
Go go go go go go”


E começa a pancadaria! A princípio o nosso herói não quer jogar sujo e começa a luta executando alguns golpes bonitos, mas o monstro não tá pra brincadeira e desce o sarrafo no índio peruano herói. Após apanhar feito um cachorro leproso, o herói se lembra que possui um super golpe fatal.

Mas antes ele decide descontar a surra que levou e parte pra baixaria. Parece briga de picolezeiro por um real! É um tal de pegar carros e tacar na cara do outro, quebrar prédios, pontes, escolas, asilos, creches, AACD, estádio de futebol e por aí vai...

Após destruir Tóquio pela décima vez na semana (consumindo quase todo o cofre público do contribuinte japonês), o nosso guardião dourado da paz e da justiça, dá cabo ao monstro executando o super golpe fatal com um simples movimento de mãos. Pronto! O monstro explode em mil pedaços e a cidade está salva!

Aí começa a tocar a musiquinha do inicio. O herói se despede dos amigos e das crianças que o tinham chamado e sai voando rumo ao espaço infinito.

Enquanto isso o vilão da estória (que usa uma máscara de macaco que não mexe a boca) fica mordido e seu esconderijo e promete vingança eterna.

Ou pelo menos até o próximo episódio.

É uma merda, eu sei. Mas eu ADORO ISSO!

5 – Lionman (Rede Manchete – de novo!?)




“Os ninjas de Okinawa tem uma lenda. Quando as coisas estão mal, surge um guerreiro da justiça, um samurai com uma cabeça de leão e uma mochila cheia de pólvora nas costas. Ele é o LIONMAN!”

Hahaha!

Um samurai que tinha os poderes de um leão. O mais legal era que além dele, existiam os seus rivais/aliados que tmb possuíam as habilidades de algum felino. Eram jaguares, tigres, panteras, jaguatiricas. Pô! Todos com as cabeças dos bichos e a pelugem característica.

Na hora da transformação. Baixava um lado meio Rocketter no samurai. Jogava a capa pro lado e ligava as turbinas da mochila-foguete que carregava nas costas. Voava em direção ao Sol e explodia! E já descia transformado. Bizarro!

Convenientemente os seu inimigos nunca tiveram a GENIAL idéia de acender um fósforo antes da transformação. É... seria bye, bye, Haowmaru!

Mas era muito foda!

4 – Charlie Brown (TV Cultura)



Que puxa...


Quem não lembra do Snoopy? E do protótipo de adolescente loser que era o Charlie Brown? E da turminha? E daquele loirinho que amava Bethoven e que tinha um nome que mais parecia uma escarrada?

Pois é. Crássico! Gostei do episódio em que o Minduim se apaixona platonicamente e quem acaba se dando bem é o Lino. Putz! Me identifiquei (acho que fui loser tmb).

Aquele da apresentação da Patty pimentinha no gelo com o assobio do Woodstock tmb foi legal. Grande Schulz! Vc deixou um herança e tanto meu velho!

3 – Robotech (Televisa, SBT, depois na Rede Globo)




Ok! Agora começa a parte dos Animes. Eu sempre gostei de Animes, tá certo que depois surgiram Cavaleiros do Zodíaco, YuYu Hakusho, Dragon Ball Z, etc. Porém, o primeiro anime que eu curti foi esse.

A série original japonesa se chamava MACROSS, mas como a TV achou-a muito longa e complexa, decidiu fazer um serviço medíocre. Cortar diversos pedaços de cada uma das fases do desenho original, junta-los e relança-los com o nome de Robotech. Essa asneira foi cometida por uns empresários americanos que não entenderam bulhufas do enredo e decidiram transforma-lo em enlatado.

Mas ainda assim era legal. Estranho, mas legal. Lembro que com 5 anos já o assistia na Argentina e achava o enredo confuso. “Mas esse cara não tinha morrido no ultimo episódio?”, perguntava. Incongruências a parte, o anime é ótimo. Um dos melhores.

A estória é manjada. Alienígenas contra humanos. Alienígenas destruem o planeta Terra e os humanos sobreviventes vivem numa fortaleza espacial chamada MACROSS. O exercito desenvolveu jatos que se transformam em robôs para combater a raça alienígena. Depois rola o habitual dos animes: batalhas, drama, romance, encanações pseudo-existencialistas, enfim...

Atualmente passa na Locomotion. Canal da Direct TV

2 – Acredite se Quiser! (Canal 21, TV Cultura)





A consagrada série ACREDITE SE QUISER, comandada pelo ator Jack Palance, foi um dos destaques na grade inaugural do Canal 21. A popular atração da TV americana mostrava pessoas com habilidades extraordinárias, talentos e obsessões incomuns, fatos curiosos, bizarros e extravagantes, casos pitorescos da ciência e da medicina. Histórias incríveis, colhidas ao redor do mundo, que poucos imaginariam que pudessem ser verdadeiras (até hj eu não acredito naquele touro com asas e nem no pedaço de terra falante, mas tudo bem...)

O programa marcou época, deixando na memória suas imagens e suas frases, como:

"Delicie-se com uma refeição de besouros na Tailândia, veja os fiéis que se crucificam nas Filipinas, conheça o homem mais alto do mundo, que nunca pára de crescer... o estranho, o bizarro, o inesperado... acredite se quiser".

1 – TV Pirata (Rede Globo)




Juntar todo o elenco de uma emissora poderosa e coloca-lo a disposição pra fazer (ou tentar fazer) humor já é uma atitude louvável. Mas eu me interessei nesse programa “culto” mais por causa desse cara:




Barbooosaaa....


O humor que infelizmente hj em dia está afogado em clichês e tipos escrotos, ainda respirava nesse quadro. A imbecilidade nata e o estereotipo de “velho babão” botam no bolso uns mil “Seu Créison”...

Fora que lá nos tínhamos atores (pelo menos era o que chegava mais perto) de verdade interpretando e não comediantes tentando fazer tipos.

E apesar de passarem na emissora mais poderosa do país, vc sentia um certo ar (falso, é verdade) de rebeldia e sátira. Bem, diferentes de coisas como “Zorra Total”.

“Malandro que é malandro não dá mole pra mané”

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