ficção I
“... e creio que o país necessita de mais escolas em vez de mais igrejas”
Ah, mas pra que eu fui argumentar dessa maneira com o cara?
Ele responde:
“Vc não entende. Vc não segue nada, nenhuma religião a fundo e portanto não percebe que o povo necessita de Deus. Como qualquer ser humano”
É... admito que forcei a barra, e por duas razões:
Primeira: Fui discutir com alguém que segue os preceitos do cristianismo ao extremo. Logo, por mais legal e compreensiva a figura seja (e ela é, acredite!) estaria com os seus argumentos e idéias baseados em ideais alheios e não próprios. Neste caso, ele se baseava na Bíblia e seria ridículo da minha parte discutir sobre opções e fé com uma pessoa que estava totalmente absorvia por tal pensamento.
Segunda: Fé e Razão são duas coisas que nunca se deram muito bem. Com exceção de algumas seitas e doutrinas que tentam em vão conciliar as duas, o caminho que aparece na frente quase sempre é o da ruptura. Não estou tentando dizer que os meus argumentos eram o sumo da Razão e os dele os melhores exemplos de Fé.
Apenas acreditei que expondo o fato de que a Igreja é a instituição que mais possui terras ao redor do mundo e que tem o poder de influir nas idéias e posicionamento de um povo, estaria mostrando o quanto esse poder poderia estar sendo mais bem redirecionado, mais democraticamente.
Mas não sou injusto. Existem milhares de lugares ao redor do país (e do globo) em que a Igreja foi o cavalo de tração do progresso: construindo hospitais, refeitórios, e (olha só!) escolas.
Porém, na maioria das vezes apenas a presença do Templo é o que acontece de real em tais locais. Eu até entendo o ponto de vista deles: se vão doar certa parcela de cultura e beneficiamento para o povo ignorante, é lógico que vão querer que a sua filosofia de vida seja doada (e se possível, empurrada) para a maior quantidade de possíveis fiéis em potencial.
Esse esquema de dominação da terra e construção da sociedade por meio de instituições religiosas, funciona muito bem em lugares ermos e quase que selvagens. Mas o que dizer das igrejas que brotam em pleno centro das cidades e que são as primeiras a estarem presentes em locais tão diferentes quanto uma encosta a beira do Rio Amazonas e uma periferia de metrópole?
Note que não falo apenas do segmento católico. Ultimamente a maior via de penetração nestes locais tem sido o meio evangélico. Lembram do fim dos anos 90 quando a expansão de tais seitas foi gigantesca? Era um tal de transformar cinema em templo, sorveteria em templo, teatro em templo e (pq não?) escola em templo.
Nada que os católicos não tenham feito séculos atrás, mas...
...ainda acredito que se fossem preservados mais expoentes da Cultura que não tenham qualquer ligação com dogmas ou religiões....
...atualmente a coisa estaria beeem melhor para a maior parte da população mais carente.
É apenas uma idéia. Acredito que não é a sua devoção a esta ou aquela religião que te salvam.
Acredito que Cultura e o Conhecimento salvam.
O irônico de tudo isso é que todas essas importâncias (cultura, fé, religião e conhecimento) podem ser facilmente manipuladas se o povo for bocó.
Ou seja:
O povo se agarra no que acredita ser mais condescendente com a sua situação. Tipo:
“Pra que pensar nos caminhos torturosos que o país segue se eu não entendo nada disso? Melhor é ter fé e rezar para um futuro melhor. Se Deus quiser!”
estamos nessa há mais de 500 anos...
“Eu não quero pensar na minha situação, não quero avaliar como a minha mente está fodida com a pobreza em que me encontro. Só o que está escrito nas Escrituras é que vai me salvar. Boto toda a minha esperança no que está escrito lá, embora eu faça muitas coisas que a contradizem... Mas no fim, basta me arrepender e assistir ao culto no fim de semana que vai ficar tudo bem”
É interessante notar como a Religião é mais abrangente do que a Razão. Isto se deve ao fato de que a religião lida com variantes que se baseiam na fé e esperança de uma pessoa. Coisas que fazem com que a raça humana tenha logrado feitos memoráveis e também coisas horrorosas dignas de animais.
A religião tem varias facetas, e uma das mais interessantes é que age como consciência dominante do individuo sempre que a sua não quer funcionar ou está cheia de hipocrisia para tanto.
Além de lidar com os aspectos ilusórios de cada um. Portanto, é bem mais fácil enxergar o que vc quer do que vislumbrar a realidade.
O povo sempre vai querer seguir o caminho mais fácil. Seja se entupindo com fábulas ou se ajoelhando a espera de um deus que ainda não veio.
Que fique claro que eu não sou ateu (talvez seja à toa, mas isso é outro papo), acredito em Deus e sei da importância que a fé tem para o ser humano. Questões sobre a vida após a morte e bem e mal, são tão relevantes (ou mais) para algumas pessoas quanto o andamento da Economia ou a situação da nossa educação.
Mas seria legal que essas pessoas soubessem separar cada coisa. Não nivelando por baixo ou por grau de importância, mas sim pelo que cada uma representa para a sua sobrevivência. Considerá-las em graus iguais e separados um do outro.
Quanto ao cara, bem, como o papo estava ficando pra lá de polemico e ele já estava se exaltando, decidi terminar a conversa com um sorriso amigável dizendo:
“Vc pode até ter o seu terreninho no céu, todo bonitinho e cercado. Só te esperando, mas aposto que vc não quer ir tão cedo pra lá, não? Então se preocupe mais com o que acontece nesta esfera de vida.”
Ele riu. Eu sou mesmo muito idiota :) ...
Ah, mas pra que eu fui argumentar dessa maneira com o cara?
Ele responde:
“Vc não entende. Vc não segue nada, nenhuma religião a fundo e portanto não percebe que o povo necessita de Deus. Como qualquer ser humano”
É... admito que forcei a barra, e por duas razões:
Primeira: Fui discutir com alguém que segue os preceitos do cristianismo ao extremo. Logo, por mais legal e compreensiva a figura seja (e ela é, acredite!) estaria com os seus argumentos e idéias baseados em ideais alheios e não próprios. Neste caso, ele se baseava na Bíblia e seria ridículo da minha parte discutir sobre opções e fé com uma pessoa que estava totalmente absorvia por tal pensamento.
Segunda: Fé e Razão são duas coisas que nunca se deram muito bem. Com exceção de algumas seitas e doutrinas que tentam em vão conciliar as duas, o caminho que aparece na frente quase sempre é o da ruptura. Não estou tentando dizer que os meus argumentos eram o sumo da Razão e os dele os melhores exemplos de Fé.
Apenas acreditei que expondo o fato de que a Igreja é a instituição que mais possui terras ao redor do mundo e que tem o poder de influir nas idéias e posicionamento de um povo, estaria mostrando o quanto esse poder poderia estar sendo mais bem redirecionado, mais democraticamente.
Mas não sou injusto. Existem milhares de lugares ao redor do país (e do globo) em que a Igreja foi o cavalo de tração do progresso: construindo hospitais, refeitórios, e (olha só!) escolas.
Porém, na maioria das vezes apenas a presença do Templo é o que acontece de real em tais locais. Eu até entendo o ponto de vista deles: se vão doar certa parcela de cultura e beneficiamento para o povo ignorante, é lógico que vão querer que a sua filosofia de vida seja doada (e se possível, empurrada) para a maior quantidade de possíveis fiéis em potencial.
Esse esquema de dominação da terra e construção da sociedade por meio de instituições religiosas, funciona muito bem em lugares ermos e quase que selvagens. Mas o que dizer das igrejas que brotam em pleno centro das cidades e que são as primeiras a estarem presentes em locais tão diferentes quanto uma encosta a beira do Rio Amazonas e uma periferia de metrópole?
Note que não falo apenas do segmento católico. Ultimamente a maior via de penetração nestes locais tem sido o meio evangélico. Lembram do fim dos anos 90 quando a expansão de tais seitas foi gigantesca? Era um tal de transformar cinema em templo, sorveteria em templo, teatro em templo e (pq não?) escola em templo.
Nada que os católicos não tenham feito séculos atrás, mas...
...ainda acredito que se fossem preservados mais expoentes da Cultura que não tenham qualquer ligação com dogmas ou religiões....
...atualmente a coisa estaria beeem melhor para a maior parte da população mais carente.
É apenas uma idéia. Acredito que não é a sua devoção a esta ou aquela religião que te salvam.
Acredito que Cultura e o Conhecimento salvam.
O irônico de tudo isso é que todas essas importâncias (cultura, fé, religião e conhecimento) podem ser facilmente manipuladas se o povo for bocó.
Ou seja:
O povo se agarra no que acredita ser mais condescendente com a sua situação. Tipo:
“Pra que pensar nos caminhos torturosos que o país segue se eu não entendo nada disso? Melhor é ter fé e rezar para um futuro melhor. Se Deus quiser!”
estamos nessa há mais de 500 anos...
“Eu não quero pensar na minha situação, não quero avaliar como a minha mente está fodida com a pobreza em que me encontro. Só o que está escrito nas Escrituras é que vai me salvar. Boto toda a minha esperança no que está escrito lá, embora eu faça muitas coisas que a contradizem... Mas no fim, basta me arrepender e assistir ao culto no fim de semana que vai ficar tudo bem”
É interessante notar como a Religião é mais abrangente do que a Razão. Isto se deve ao fato de que a religião lida com variantes que se baseiam na fé e esperança de uma pessoa. Coisas que fazem com que a raça humana tenha logrado feitos memoráveis e também coisas horrorosas dignas de animais.
A religião tem varias facetas, e uma das mais interessantes é que age como consciência dominante do individuo sempre que a sua não quer funcionar ou está cheia de hipocrisia para tanto.
Além de lidar com os aspectos ilusórios de cada um. Portanto, é bem mais fácil enxergar o que vc quer do que vislumbrar a realidade.
O povo sempre vai querer seguir o caminho mais fácil. Seja se entupindo com fábulas ou se ajoelhando a espera de um deus que ainda não veio.
Que fique claro que eu não sou ateu (talvez seja à toa, mas isso é outro papo), acredito em Deus e sei da importância que a fé tem para o ser humano. Questões sobre a vida após a morte e bem e mal, são tão relevantes (ou mais) para algumas pessoas quanto o andamento da Economia ou a situação da nossa educação.
Mas seria legal que essas pessoas soubessem separar cada coisa. Não nivelando por baixo ou por grau de importância, mas sim pelo que cada uma representa para a sua sobrevivência. Considerá-las em graus iguais e separados um do outro.
Quanto ao cara, bem, como o papo estava ficando pra lá de polemico e ele já estava se exaltando, decidi terminar a conversa com um sorriso amigável dizendo:
“Vc pode até ter o seu terreninho no céu, todo bonitinho e cercado. Só te esperando, mas aposto que vc não quer ir tão cedo pra lá, não? Então se preocupe mais com o que acontece nesta esfera de vida.”
Ele riu. Eu sou mesmo muito idiota :) ...
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