Os escritos - parte 5

Rodrigo domina o mundo
Texto retirado do Ácido Cinza

Deixe-me dizer uma coisa: odeio eventos de faculdade, onde garotos que não sabem nem limpar a bunda direito - como meu velho dizia (antes de eu silenciá-lo), vêm "conhecer as instalações". Eles me enervam.

Quase posso ver no sorriso amarelo de nossos reitores um pedido sutil para que usemos gerúndio e um tom de voz robótico que ocupa as linhas telefônicas de SACs da vida. Sim, é verdade: não fossem necessárias horas-estágio, provavelmente eu ficaria confortável em minha cama, deitado embaixo de meu edredom mesmo com um sol "rachando" de quente lá fora; a desidratação haveria de ser um obstáculo interessante no curso da vida.

Todavia, não era este o fabuloso destino de Rodrigo T. Não.

"Olá, vocês tem interesse em Publicidade? Esta é a Agência Experimental de Comunicação..."
(...)
"Olá, vocês tem interesse em Publicidade? Esta é a Agência Experimental de Comunicação..."
(...)
"Olá, vocês tem interesse em Publicidade? Esta é a Agência Experimental de Comunicação..."
(...)
"Olá, vocês tem interesse em Publicidade? Esta é a Agência Experimental de Comunicação..."

Noto que o último grupo não presta atenção nas minhas palavras. Ensandecido por ter minha posição de ser humano reduzida ao equivalente de atendente de telemarketing e com o descaso de meus visitantes, rapidamente pego uma das embalagens à mostra na mesa parecida com um tijolo e acerto o rosto do namorado da garota que bocejava.

A porrada do "tijolo" é tão forte que dentes voam, e o rapaz vai ao chão gemendo em dor. A namorada, horrorizada, solta gritos super-sônicos de aflição, para ter sua garganta encontrada por meus hábeis punhos e ser atirada contra a televisão suspensa na parede. Uma ligeira explosão ocorre, enquanto cacos de vidro e fumaça saem do que restou do monitor onde nossa amiga encontra sua cabeça enterrada.

O namorado se levanta, e retira uma Magnum 44 de seu bolso. Os outros colegiais, que recebiam um "tour" dos auxiliares da FEPRO (nome deste maldito evento), olham sem compreender, levando cotoveladas implacáveis no meio de suas faces dos mesmos auxiliares que até um momento atrás eram pura cortesia - todos haveriam de pagar pelos pecados da minoria. Todavia, eu ainda me encontrava sob a mira de uma Magnum 44. Meu coração estava disparado; eu era um universitário e meu inimigo um estudante colegial - nada impressionante, mas eu (ainda) era mortal.

Os companheiros trainees, vendo tamanho absurdo, unem-se a mim e começam a chacinar os 3º Colegiais que se acham donos da verdade. Em particular, o mais proeminente dos trainees, que estava no 4º ano, caiu com uma voadora fulminante contra o meu agressor, decepando-lhe a mão e a arma que segurava, em seguida decapitando-o com um golpe certeiro de capoeira.

Sangue e glória, pão e circo!

Os outros colegiais encontravam-se no chão, gemendo, membros quebrados e psiques antes arrogantes totalmente estilhaçadas. Nosso recado fora dado, e jamais novamente a Agência seria maculada por garotos sem qualquer tipo de interesse na sagrada área de Publicidade & Propaganda.

Desperto do meu transe auto-imposto. Chega outro grupo.

"Olá, vocês tem interesse em Publicidade? Esta é a Agência Experimental de Comunicação..."

Por Rodrigo Shin

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