Os escritos - parte 1
Já faz um tempo que eu vinha querendo fazer isso, postar por aqui alguns escritos que achei interessantes. Logicamente todos os textos irão ser creditados ao autor com o respectivo link para o seu blog.
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Olha eu aqui!
texto originalmente publicado no dia 6.9.04, no Aventuras da Menin@ Prodígio
Dia cinco de setembro é Dia da Elevação do Amazonas à Categoria de Província.
Esse nome monstro quer dizer que o Amazonas deixou de morar na casa do Papai-Pará pra ser dono do próprio nariz e rachar um apê com o Acre e com "a" Roraima.
Só que aconteceram problemas de relacionamento entre o Amazonas e o Acre, pois o Acre sempre trazia uns amigos que falavam espanhol e folhas estranhas pra casa, coisa que o Amazonas não aprovava. Já tinha tanta folha em casa, pra quê esse menino fica trazendo mais?
Já Roraima era uma moça muito dada, tinha contatos internacionais com todo tipo de gente desinteressante, inclusive aqueles caras que falam inglês sem serem americanos nem ingleses (Guiana), e também a moça que inventou a pizza de Folhas (Margarita). O problema é que os amigos de Roraima eram todos um bando de amigos da onça - sempre usaram a moça, ingênua que só ela, pra obter favores do Amazonas.
O Amazonas, que depois do lance do roubo das Seringueiras estava meio desconfiado, decidiu investir suas economias num quarto e sala privativo e mandar o Acre e a Roraima se virarem sozinhos.
Acre, que sempre teve inclinações religiosas, optou por viver no isolamento, apenas de vez em quando mandando sinais de sua existência. Inclusive, muitos afirmam que Amazonas é esquizofrênico e que o Acre é fruto de sua imaginação; ninguém além do Amazonas jamais viu ou conversou com o Acre.
Já Roraima, que apesar de muito comunicativa nunca bateu muito bem da bola, sempre bate à porta do Amazonas para pedir favores - uma xícara de açúcar, uns turistas que estivessem de passagem pra Margarita ou pra Venezuela, algum dinheiro emprestado, uma razão de ser - e depende completamente do amigo até para se vestir.
Com tais vizinhos, o Amazonas teve de pensar num jeito de ganhar uma graninha e pediu pra Tia Brasília umas indústrias de presente de aniversário. Tia Brasília, que nunca entendeu direito aquele sobrinho alto, gordo e com mania de bicho-grilo, deu as indústrias pra ele calar a boca e esqueceu.
Amazonas - Tia Brasília? Sou eu, Amazonas...
Brasília - Menino, quanto tempo! Nem lembrava mais de você direito... Desde que você saiu da casa de seu Pai perdi o contato..Mas também, esse lugar em que você foi morar é tão longe!
Amazonas - É longe mas eu tô pensando em fazer umas melhorias, sabe? Fazer a laje, puxar um banheirinho...
Brasília - Que sotaque é esse? Você tá andando com o Rio de Janeiro?
Amazonas (envergonhado) - Que é isso, tia... Eu tô de olho é na Paraíba...
Brasília - Esquece, menino, o Ceará tem aqueles olhos verdes cor do mar, você já perdeu essa parada. Mas pra que você me telefonou?
Amazonas - É que eu ando precisando de grana...
Brasília - Quer que eu crie mais uns cargos públicos pra você, que nem eu fiz com a desmiolada da Roraima?
Amazonas - Não, tia...Eu queria umas indústrias, a longo prazo o investimento é melhor.
Brasília (sorrindo benévola) - Olha que bonitinho, falando de longo prazo...Parece até gente grande! Vou te dar as indústrias que você quer, pixuquinho.
Amazonas (com um sorriso forçado) - Dava pra senhora fazer um pacote completo e me dar também estradas, siderúrgicas, ferrovias, e incentivos fiscais?
Brasília - Muito ousado você! Seu pai não te deu semancol? Só as indústrias - e os incentivos fiscais por tempo limitado!
Amazonas - Obrigada, tia! Eu me viro (já saindo) Mas nem uma estradinha?
Brasília - Vai estragar o seu quintal.
Com indústrias e sem estradas, o Amazonas se virou do jeito que deu. Investiu na reforma da Mansão Manaus, que ficou grande, com mais de um milhão de quartos. Só que esqueceu de capinar o quintal, que ficou cheio de mato. E sabe como é, em mato alto se esconde todo tipo de bicho...até que um dia, após o lanche da tarde, o Amazonas notou umas pegadas de barro na cozinha...Qual não foi sua surpresa ao encontrar, escondido debaixo da pia, o seu próprio Pai!
Amazonas - Papai, o que o senhor tá fazendo na minha casa?
Pará - Eu fui entrando pelo quintal, você nem notou. Aliás, tava na hora de comprar uma roçadeira Stihl, hein? Esse mato tá muito alto! Aposto que tem até onça!
Amazonas - Papai, a minha relação com o mato é diferente da sua...Eu tô vendo o que eu posso fazer pra ganhar dinheiro com ele.
Pará - (de olhos arregalados) Com mato???
Amazonas - Tem uns gringos aí que compram qualquer coisa que a gente oferece, he he he...
Pará - Cuidado com isso, meu filho...Eu tive uma experiência desastrosa com uns japoneses que queriam registrar o Açaí... A minha sorte foi que eles não sabiam escrever direito. Escreveram Assa Hy , e o professor Pasquale processou os japas.
Amazonas - Mas pai, o que o senhor veio fazer na minha casa?
Pará - Trazer umas tapioquinhas, uma farinhazinha, um tacacazinho...
Amazonas - E o que mais, pai?
Pará - Uns trezentos imigrantes...
Amazonas - Porra, pai! Sacanagem um negócio desses! Você não consegue controlar o seu índice de criminalidade e fica trazendo ladrão pra minha casa?
Pará - Filho, você não sabe como tá a situação lá em casa. Parece que tudo parou no tempo...Nada se movimenta, nada gira, o comércio tá esfriando, o povo não consegue ganhar dinheiro...E você tá tão cheio de oportunidades...
Amazonas - Ah, pai, sei lá. Se vira aí nos quartos da Zona Leste, você e os seus imigrantezinhos. Eu tô ocupado, preciso comprar um terno pra ir visitar a tia Brasília...Os subsídios que ela me deu tão quase perdendo o prazo de validade, e eu não consegui ainda fazer as estradas...
Pará - Filho, que sotaque é esse? Você tá andando com o Rio de Janeiro?
Amazonas - PORRA, PAI!
Pará - Eu só estou preocupado com as suas companhias...
Amazonas - E de onde o senhor tirou esse seu sotaque com os NH elevados ao cubo? Ou seria cubinhnhnhnhnhnho?
Pará - Prefiro o meu sotaque do que a sua culinária...Onde já se viu, meu filho, servir vatapá com maionese?
Amazonas - Eu aprendi isso com meus amigos nordestinos...E o senhor não tem mais nada a ver com a minha vida! Eu pago minhas contas e meus impostos - e pago melhor que o senhor!
Pará - Filho ingrato...
***********
Com esse tremendo abacaxi em casa, o Amazonas resolveu humilhar publicamente seu pai, pra ver se ele ia embora. Quando viu que a cada vez que o Pai ia e voltava, trazia mais um batelão cheio de imigrantes, desistiu e acabou colocando um colchãoziNHo debaixo da pia da coziNHa.
Afinal de contas, o pai cozinha bem pra caramba!
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A história do Amazonas com o Pará não é exatamente pacífica assim...Mas como eu tenho laços afetivos com o Pará, eu amaciei um pouco a coisa.
Por Menina Prodígio
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Olha eu aqui!
texto originalmente publicado no dia 6.9.04, no Aventuras da Menin@ Prodígio
Dia cinco de setembro é Dia da Elevação do Amazonas à Categoria de Província.
Esse nome monstro quer dizer que o Amazonas deixou de morar na casa do Papai-Pará pra ser dono do próprio nariz e rachar um apê com o Acre e com "a" Roraima.
Só que aconteceram problemas de relacionamento entre o Amazonas e o Acre, pois o Acre sempre trazia uns amigos que falavam espanhol e folhas estranhas pra casa, coisa que o Amazonas não aprovava. Já tinha tanta folha em casa, pra quê esse menino fica trazendo mais?
Já Roraima era uma moça muito dada, tinha contatos internacionais com todo tipo de gente desinteressante, inclusive aqueles caras que falam inglês sem serem americanos nem ingleses (Guiana), e também a moça que inventou a pizza de Folhas (Margarita). O problema é que os amigos de Roraima eram todos um bando de amigos da onça - sempre usaram a moça, ingênua que só ela, pra obter favores do Amazonas.
O Amazonas, que depois do lance do roubo das Seringueiras estava meio desconfiado, decidiu investir suas economias num quarto e sala privativo e mandar o Acre e a Roraima se virarem sozinhos.
Acre, que sempre teve inclinações religiosas, optou por viver no isolamento, apenas de vez em quando mandando sinais de sua existência. Inclusive, muitos afirmam que Amazonas é esquizofrênico e que o Acre é fruto de sua imaginação; ninguém além do Amazonas jamais viu ou conversou com o Acre.
Já Roraima, que apesar de muito comunicativa nunca bateu muito bem da bola, sempre bate à porta do Amazonas para pedir favores - uma xícara de açúcar, uns turistas que estivessem de passagem pra Margarita ou pra Venezuela, algum dinheiro emprestado, uma razão de ser - e depende completamente do amigo até para se vestir.
Com tais vizinhos, o Amazonas teve de pensar num jeito de ganhar uma graninha e pediu pra Tia Brasília umas indústrias de presente de aniversário. Tia Brasília, que nunca entendeu direito aquele sobrinho alto, gordo e com mania de bicho-grilo, deu as indústrias pra ele calar a boca e esqueceu.
Amazonas - Tia Brasília? Sou eu, Amazonas...
Brasília - Menino, quanto tempo! Nem lembrava mais de você direito... Desde que você saiu da casa de seu Pai perdi o contato..Mas também, esse lugar em que você foi morar é tão longe!
Amazonas - É longe mas eu tô pensando em fazer umas melhorias, sabe? Fazer a laje, puxar um banheirinho...
Brasília - Que sotaque é esse? Você tá andando com o Rio de Janeiro?
Amazonas (envergonhado) - Que é isso, tia... Eu tô de olho é na Paraíba...
Brasília - Esquece, menino, o Ceará tem aqueles olhos verdes cor do mar, você já perdeu essa parada. Mas pra que você me telefonou?
Amazonas - É que eu ando precisando de grana...
Brasília - Quer que eu crie mais uns cargos públicos pra você, que nem eu fiz com a desmiolada da Roraima?
Amazonas - Não, tia...Eu queria umas indústrias, a longo prazo o investimento é melhor.
Brasília (sorrindo benévola) - Olha que bonitinho, falando de longo prazo...Parece até gente grande! Vou te dar as indústrias que você quer, pixuquinho.
Amazonas (com um sorriso forçado) - Dava pra senhora fazer um pacote completo e me dar também estradas, siderúrgicas, ferrovias, e incentivos fiscais?
Brasília - Muito ousado você! Seu pai não te deu semancol? Só as indústrias - e os incentivos fiscais por tempo limitado!
Amazonas - Obrigada, tia! Eu me viro (já saindo) Mas nem uma estradinha?
Brasília - Vai estragar o seu quintal.
Com indústrias e sem estradas, o Amazonas se virou do jeito que deu. Investiu na reforma da Mansão Manaus, que ficou grande, com mais de um milhão de quartos. Só que esqueceu de capinar o quintal, que ficou cheio de mato. E sabe como é, em mato alto se esconde todo tipo de bicho...até que um dia, após o lanche da tarde, o Amazonas notou umas pegadas de barro na cozinha...Qual não foi sua surpresa ao encontrar, escondido debaixo da pia, o seu próprio Pai!
Amazonas - Papai, o que o senhor tá fazendo na minha casa?
Pará - Eu fui entrando pelo quintal, você nem notou. Aliás, tava na hora de comprar uma roçadeira Stihl, hein? Esse mato tá muito alto! Aposto que tem até onça!
Amazonas - Papai, a minha relação com o mato é diferente da sua...Eu tô vendo o que eu posso fazer pra ganhar dinheiro com ele.
Pará - (de olhos arregalados) Com mato???
Amazonas - Tem uns gringos aí que compram qualquer coisa que a gente oferece, he he he...
Pará - Cuidado com isso, meu filho...Eu tive uma experiência desastrosa com uns japoneses que queriam registrar o Açaí... A minha sorte foi que eles não sabiam escrever direito. Escreveram Assa Hy , e o professor Pasquale processou os japas.
Amazonas - Mas pai, o que o senhor veio fazer na minha casa?
Pará - Trazer umas tapioquinhas, uma farinhazinha, um tacacazinho...
Amazonas - E o que mais, pai?
Pará - Uns trezentos imigrantes...
Amazonas - Porra, pai! Sacanagem um negócio desses! Você não consegue controlar o seu índice de criminalidade e fica trazendo ladrão pra minha casa?
Pará - Filho, você não sabe como tá a situação lá em casa. Parece que tudo parou no tempo...Nada se movimenta, nada gira, o comércio tá esfriando, o povo não consegue ganhar dinheiro...E você tá tão cheio de oportunidades...
Amazonas - Ah, pai, sei lá. Se vira aí nos quartos da Zona Leste, você e os seus imigrantezinhos. Eu tô ocupado, preciso comprar um terno pra ir visitar a tia Brasília...Os subsídios que ela me deu tão quase perdendo o prazo de validade, e eu não consegui ainda fazer as estradas...
Pará - Filho, que sotaque é esse? Você tá andando com o Rio de Janeiro?
Amazonas - PORRA, PAI!
Pará - Eu só estou preocupado com as suas companhias...
Amazonas - E de onde o senhor tirou esse seu sotaque com os NH elevados ao cubo? Ou seria cubinhnhnhnhnhnho?
Pará - Prefiro o meu sotaque do que a sua culinária...Onde já se viu, meu filho, servir vatapá com maionese?
Amazonas - Eu aprendi isso com meus amigos nordestinos...E o senhor não tem mais nada a ver com a minha vida! Eu pago minhas contas e meus impostos - e pago melhor que o senhor!
Pará - Filho ingrato...
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Com esse tremendo abacaxi em casa, o Amazonas resolveu humilhar publicamente seu pai, pra ver se ele ia embora. Quando viu que a cada vez que o Pai ia e voltava, trazia mais um batelão cheio de imigrantes, desistiu e acabou colocando um colchãoziNHo debaixo da pia da coziNHa.
Afinal de contas, o pai cozinha bem pra caramba!
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A história do Amazonas com o Pará não é exatamente pacífica assim...Mas como eu tenho laços afetivos com o Pará, eu amaciei um pouco a coisa.
Por Menina Prodígio
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